quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O JARDIM



Parece-me que desde que foram expulsos do Paraíso, ou Jardim do Éden, ou Jardim das Delícias, aquele lugar isolado do resto do mundo que Deus, pleno de beleza e fartura, Adão e Eva passaram a tentar reproduzi-lo, numa tentativa de replicar aquele espaço exclusivo no qual viveram até optarem por arcarem com as consequências das suas escolhas pessoais.

Através dos tempos, homens e mulheres cultivam a terra, semeando e colhendo os resultados. Com a necessidade de terem espaços onde coubesse toda a comunidade e que fossem agradáveis e práticos (vamos nos lembrar que não haviam banheiros dentro das casas, nem nos castelos e, muito menos, banheiros públicos, desses chamados "químicos", que uma multidão de pessoas pudesse usar. Já o JARDIM, com a proteção das árvores e canteiros ....) essas criações artísticas ao ar livre, passaram a ser criadas e a receberem maior atenção de diferentes povos e culturas.

Dos pomares e hortas, os canteiros evoluíram para espaços meticulosamente planejados e cuidadosamente executados pelas mãos humanas, sempre numa tentativa de "domar" e realçar a Natureza, criando um ambiente que pudesse ser humanamente apreciado e desfrutado. Aprendeu-se sobre o cultivo de bulbos e sementes, desenvolveram-se técnicas de plantio, estudou-se as qualidades medicinais de algumas espécies e criou-se, inclusive, uma linguagem simbólica para as flores que, dependendo da sua espécie, forma e cor, passaram a representar sentimentos e emoções,  transmitindo assim uma mensagem oculta. Ainda hoje guardamos um pouco desse, digamos, costume ao presentearmos a pessoa amada com rosas vermelhas, reservarmos os gladíolos e os cravos-de-defunto para a confecção de coroas funerárias, a optarmos por flores brancas para significar pureza de intenções e paz. Essa linguagem, desenvolvida principalmente nos séculos XVIII e XIX, teve também um caráter oracular que podemos observar nas lâminas do baralho Grand Jeu de Mlle. Lenormand, uma coleção de 54 lâminas  que é considerado por muitos como o conjunto de cartas realmente criado pela famosa Mlle. Lenormand.

Com a evolução dos costumes, as pessoas sentiram a necessidade de encontrarem uma maneira de eliminar o cheiro dos dejetos dos animais que viviam dentro das casas (na parte externa o frio os mataria e muitos deles eram necessários para a sobrevivência da própria família, como vacas, porcos, cabras, coelhos, cavalos e cães) e passaram a cultivar plantas olorosas para usarem, depois de cortadas, dentro de casa. Assim nascem os primeiros arranjos florais, que enfeitam e perfumam os ambientes.
Também não muito afeitos aos banhos, os nobres, especialmente, começaram a incentivar a fabricação, ainda artesanal, de perfumes para "disfarçar" os aromas naturais dos seus corpos. Perfumes eram caríssimos e só mesmo quem tivesse muito dinheiro poderia possuí-los. Entretanto, as flores, que podiam serem cultivadas em qualquer pedaço de terra, por qualquer classe social, começaram a merecer um maior respeito e vai-se aos poucos estabelecendo aquilo que conhecemos hoje como jardinagem, como paisagismo. JARDINS cercados, murados, públicos ou privados, foram surgindo e as pessoas neles se encontrando para admirá-los, aproveitar a vida próximo à Natureza e, naturalmente, encontrarem-se com outras, ajudando no estabelecimento de relações e vínculos sociais.

Não necessitamos, nos tempos atuais, nos encontrarmos nos JARDINS, nos parques, pomares, quintais ou hortas, pois evoluímos tecnicamente o suficiente para construirmos espaços que nos protegem e abrigam e onde cabem grandes multidões (desculpem o pleonasmo!) com conforto, segurança e em conformidade com os costumes atuais de convívio social. Restaurantes, teatros, cinemas, museus, casas de show, grandes lojas, shopping centers, clubes, estádios, campos de golfe, parques de diversão, pavilhões de feiras e exposições cumprem efetivamente a função de agregarem e abrigarem pessoas num mesmo recinto, seja ele fechado ou ao ar livre.

A partir disso é que podemos, sempre dependendo do tema da leitura e das demais cartas vinculadas a ela, interpretar a carta de número 20 do Baralho Lenormand (também conhecido como Baralho ou Tarô Cigano), o JARDIM, como a nossa própria cidade, a nossa comunidade, ocasiões públicas ou privadas que promovam a presença de um grande público ou audiência. Eventos musicais, sejam eles concertos em pequenos auditórios ou shows de artistas populares em áreas abertas (pense em Rock'n Rio, em desfiles de Carnaval); eventos cívicos (parada de 7 de Setembro, desfiles escolares e militares em datas comemorativas); assembleias populares e demonstrações de cunho político como as passeatas de protesto ou de afirmação e defesa (pense em passeata pela democracia, pelo impeachment, por melhores condições para os trabalhadores, comícios eleitorais e Parada Gay); conferências, seminários, encontros de especialistas, aulas e treinamentos; cerimônias (pense em formaturas, procissões, inaugurações), etc,

Mas não é necessário nos locomovermos para nos enquadrarmos naquilo que a lâmina do JARDIM simboliza pois basta, em qualquer lugar, pegarmos nosso celular, nosso tablet ou laptop e  abrirmos a  agenda de telefone, nossas páginas de redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, Tinder, Whatsapp, etc) para interagirmos com o nosso JARDIM (nossa rede virtual de amigos). Blogueiros, YouTubers, divulgadores e produtores de festas e eventos, publicitários e relações públicas chegam a alcançar, hoje, status de "famosos", promovendo e/ou se utilizando para o próprio trabalho esses "jardins".
Não devemos deixar de fora dessa possibilidade de interpretação que a carta 20 do Lenormand nos oferece as ONGs, as organizações sem fins lucrativos como Rotary, Lions, Maçonaria, Damas de Caridade, Associação de Pioneiras, Grupos de Escoteiros, Cruzada da Infância, Amigos do Museu, Patronesses das Artes, Defensores do Patrimônio Histórico, entre inúmeras outras que reúnem pessoas abnegadas, caridosas, voluntárias, interessadas unicamente na melhoria das condições de vida de muitos e da preservação e continuidade de bens e setores culturais de um bairro, cidade, país.

Essa carta também pode estar indicando atividades como caminhar, escalar, pescar, acampar, praticar jardinagem, praticar esportes ao ar livre, e, também atividades profissionais como a dos ambientalistas, dos agricultores, paisagistas, urbanistas, jardineiros, comércio de produtos naturais, hortifrutis, spas, refúgios e centros de meditação e/ou tratamentos alternativos, instrutores de ioga, alimentação vegana e vegetariana, comércio de artigos de perfumaria e maquiagem, lojas de sementes e mudas, floriculturas, e tantas outras possibilidades mais. Até hospitais podemos incluir como uma possibilidade de locar simbolizado pelo JARDIM, visto que é um espaço que abriga muita gente e que tem como função primeira proporcionar a cura, a recuperação, o reequilíbrio e a revitalização das energias dos pacientes.

A ideia de que os jardins são espaços físicos cultivados pelos homens e mulheres visando a valorização da Natureza, representada em cada flor, arbusto, árvore e outros elementos dos mesmos, nos permite uma reflexão: essa lâmina se refere, em grande parte, à nossa vida social, à nossa integração em um grupo, à nossa maneira de interagir com as pessoas de um modo geral e, em particular com aquelas com quem compartilhamos similaridades, interesses, opiniões, status, etc, nos lembra que o que cultivarmos, o que semearmos, a maneira com que cuidarmos, também irá refletir diretamente no que iremos obter. A "saúde" e desempenho da nossa vida em sociedade, ou seja, das nossas relações no trabalho, na escola, no partido político a que somos filiados, no time de futebol com que praticamos um pouco de esporte, no pessoal da igreja, seita, culto, ou filosofia que praticamos, naquele grupo específico do Facebook que fala de um assunto que nos interessa, tudo isso dependerá de como iniciamos, alimentamos, fortalecemos essas mesmas relações.

Na prática da leitura de Baralho Lenormand, o JARDIM pode representar um bom momento em termos de saúde (fertilidade) e de dinheiro e/ou trabalho (prosperidade, crescimento, desenvolvimento). Se a questão for a respeito de Amor, minha experiência me diz que essa não é a melhor carta pois remete à promiscuidade (muita gente), gente que gosta só de "caçar" (floresta, a Natureza selvagem), pessoas que não têm interesse em algo duradouro (jardins e locais públicos são lugares de passagem, bastante impessoais, onde não se permanece). Porém, isso não significa que não se possa encontrar ou vir a ser apresentado a alguém interessante em uma festa, uma balada, um evento qualquer. A carta nos fala de "novos encontros", não exatamente de compromissos duradouros. Aposto mais na ideia de paquera, flerte, azaração.

E nem é preciso dizer que as pessoas "tipo" JARDIM são sempre as mais ativas, com grande rede de amigos e conhecidos, muito sociais e extremamente populares.
Se a carta surgir como um conselho para a/o Consulente, a recomendação pode ser que ela/e intensifique a sua vida social, faça novos amigos e procure reencontrar os mais antigos, pratique esportes ou atividades realizadas ao ar livre. Enfim, saia ou receba em casa, amplie seu horizonte, busque se cercar de gente otimista e com conteúdo e viva a Vida com alegria!


Lembrando sempre que esta postagem, como todas as demais feitas por mim, não pretende ser uma "regra", uma "fórmula" a ser copiada ou aceita, mas, simplesmente, a minha inspiração e conhecimento técnico, no momento da escrita, ao comentar alguns dos aspectos interpretativos da carta.

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2 comentários:

  1. Você não existe como professor!... Adoro seus comentários. Bjks da amiga.

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    1. Obrigado, minha amiga querida! Suas opiniões, conselhos e apoio são, e sempre foram, de suma importância. Beijos agradecidos deste seu amigo saudoso.

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